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A pressão arterial corresponde à força exercida pelo sangue na aorta quando sai do coração.

 

O que é a pressão arterial

Para melhor compreender este conceito imagine-se o coração como uma bomba que contrai e relaxa. Ao movimento de contracção do coração chama-se sistole; é nesta fase que o coração “empurra “ para a aorta, e daí para todo o corpo, o sangue oxigenado vindo dos pulmões. A pressão gerada nesta fase chama-se pressão arterial sistólica ou mais comummente conhecida pressão arterial máxima.

O período de relaxamento cardíaco chama-se diástole, fase em que o coração se volta a encher de sangue; a pressão exercida pelo sangue na aorta nesta fase é muito menor e denomina-se pressão arterial diastólica ou mínima.

 

Como se define Hipertensão Arterial

De um modo simples pode dizer-se que quando os valores de pressão arterial estão elevados estamos na presença de hipertensão arterial.

Quais são então os valores considerados normais? Quando se diz que alguém é hipertenso/a?

Ao longo dos vários anos, os investigadores têm feito estudos comparativos em doentes tentando perceber quais são os valores de pressão arterial que correspondem a um menor risco vascular (risco de ter um enfarte agudo do miocárdio, um AVC, processo de aterosclerose mais avançada), tendo-se estabelecido que quanto mais elevados os valores de pressão arterial, maior é o risco vascular.

Sendo assim, à luz dos valores actuais, o valor de pressão arterial normal é aquele que os estudos demonstraram (independentemente de outros factores como a diabetes, a dislipidémia) levar a uma menor probabilidade de se vir a ter um evento vascular. Actualmente, e na ausência de outros factores de risco, considera-se que um individuo é hipertenso quando a sua pressão arterial é ≥140 (máxima)/ 90 (mínima) mmHg.

A título de curiosidade, é costume ouvirmos os doentes assustados porque têm “as tensões muito juntas” Ao contrário do que nos diz a sabedoria popular , valores de pressão arterial máxima e mínima próximos, constituem um factor de bom prognóstico, já que correspondem a menor diferencial de pressões infligido à parede arterial e como tal retardando a evolução do processo aterosclerótico.

 

Qual a causa da HTA?

Infelizmente apenas em 5% dos casos se consegue encontrar uma causa para a HTA; é a chamada HTA secundária. As causas mais frequentes são distúrbios hormonais, por exemplo da tiróide, malformações vasculares.

No entanto, apesar desta baixa percentagem, é mandatório, particularmente num doente jovem com HTA de novo, excluir estas causas, já que são tratáveis e como tal o seu tratamento implica também a cura da HTA.

Nos restantes 95%, não existe causa identificável, sendo, então, uma HTA essencial.

 

Quais os órgãos mais atingidos pela HTA?

Os órgãos alvo da HTA são:

– Coração: manifesta-se clinicamente por quadros de insuficiência cardíaca (cansaço para esforços progressivamente menores, dificuldade em respirar deitado, pernas inchadas) e é o resultado do esforço continuado do coração para bombear uma quantidade de sangue adequada contra um pressão arterial elevada.
– Rim: as artérias que levam o sangue ao rim, tornam-se menos elásticas, comprometendo assim a circulação renal; em situações graves os doentes podem vir a precisar de fazer hemodiálise.
– Cérebro: em que a grande manifestação são os AVC’s sejam eles hemorrágicos (os mais frequentes em situações de HTA, por ruptura de uma artéria no cérebro) ou isquémicos (obstrução da circulação numa artéria).
– Olho: retinopatia hipertensiva com compromisso da acuidade visual.

 

Como se trata a HTA?

À excepção das situações de HTA secundária cujo tratamento, como já foi referido, é a correcção da causa subjacente, o tratamento da HTA compreende 4 vertentes:

– Correcção de estilos de vida (dieta pobre em sal e gorduras, evicção tabágica, exercício físico)
– Tratamento farmacológico com fármacos que actuam nos mecanismos implicados na génese da pressão arterial (por exemplo os diuréticos como o conhecido Lasix®, que ao aumentar a diurese e consequentemente o volume de liquido dentro dos vasos, leva a uma diminuição da quantidade de sangue que sai do coração por minuto, com consequente diminuição dos valores de pressão arterial).
– Prevenção e tratamento das complicações nos órgãos alvo
– Tratamento agressivo de outros factores de risco vascular (diabetes, colesterol, obesidade).

O facto de ser uma patologia que não dói, leva frequentemente a que o doente a desvalorize, e como tal se empenhe pouco no seu tratamento. No entanto as suas consequências são devastadoras, constituindo importante causa de morbilidade e mortalidade no nosso país.