O risco de cair aumenta significativamente com o avançar da idade, o que coloca esta síndrome geriátrica como um dos grandes problemas de saúde pública devido ao aumento expressivo do número de idosos na população e à sua maior longevidade, competindo por recursos, já escassos, e aumentando a procura de cuidados de longa duração.
As quedas, embora aconteçam em qualquer idade, são mais frequentes nas idades extremas da vida (até aos cinco anos e depois dos sessenta e cinco anos). Sendo uma causa frequente de ida ao serviço de urgência nestes grupos etários, têm, no entanto, uma gravidade acrescida no grupo dos idosos, justificando o seu internamento com muito maior frequência do que nas crianças e representando a causa mais importante de mortalidade por acidente depois dos 75 anos.
As quedas são mais frequentes no idoso devido a alterações relacionadas com o envelhecimento, tais como as doenças degenerativas PELA SUA SAÚDE As quedas Enf.ª Isabel Nunes dos ossos e articulações, a deficiente irrigação cerebral e a diminuição das capacidades auditivas e visuais
Porque acontecem
– Inexistência de condições de segurança no local de residência: degraus gastos, soalhos encerados e escorregadios, irregularidades no pavimento, tapetes soltos, mobiliário inadequado, banheiras sem tapete anti-derrapante e sem apoios, escadas sem corrimão, objectos colocados em locais altos e de difícil acesso, etc.
– Alterações da marcha, com diminuição da força muscular,
– Rigidez articular e dor associada ao desgaste das articulações,
– Alterações do equilíbrio, por diminuição da sensibilidade postural e por diminuição da circulação cerebral e do labirinto;
– Alterações da visão e audição: com a idade é comum o défice visual, o que requer correcção médica.
– Isolamento social: o desinteresse e apatia levam o idoso a alimentar-se mal e a sair pouco, aumentando a atrofia muscular e as dificuldades de locomoção.
– Os quadros de confusão mental e de demência, que podem ser confundidos com estados depressivos ou agravados por estes.
As quedas nos idosos podem provocar uma série de danos físicos; como traumatismos de tecidos moles, fracturas ósseas, declínio funcional e, muitas vezes, a morte. Estes acidentes podem ainda afectar a qualidade de vida dos idosos através de consequências psicossociais, provocando sentimentos de medo, fragilidade, desesperança, perda de controlo e receio de passar a ser dependentes de terceiros.
O sentimento de medo e falta de confiança constituem muitas vezes o ponto de partida para uma progressiva deterioração do estado global do idoso por via da redução da mobilidade.
A família tem um papel fundamental, através da observação de alterações do seu familiar idoso. Valorize as queixas de tonturas, fraqueza ou outras alterações.
Como evitá-las
– Remover objectos em casa que possam ser perigosos e avaliar a necessidade de apoio nas várias actividades de vida diárias.
– Consulta de rotina anual de oftalmologia ou quando são detectadas alterações, de forma a identificar a necessidade de colocação óculos.
– Alterações ao nível dos pés. Evitar unhas demasiadamente longas, calos dolorosos, ou mesmo o uso de calçado inadequado.
– Os sapatos não devem ter saltos para não prejudicar o equilíbrio, devem ter o tamanho correcto e sola anti-derrapante, devendo evitar os chinelos.
– Usar roupa confortável que permita a execução dos movimentos.
– Avaliar a necessidade de auxiliares de marcha, como bengalas, andarilhos, canadianas, ou alterações em casa, como correcção de sanitários baixos, cama ou banheira, o uso de luzes nocturnas no quarto e casa de banho.
– Ter especial atenção ao início de novos medicamentos.
– Colocar dispositivos urinários (urinol, arrastadeira), durante a noite, de forma a evitar as frequentes idas nocturnas à casa de banho. Se houver alterações do controlo urinário, pode planear-se um horário de micção frequente e considerar o uso de fraldas apenas quando estritamente necessário.
– Evitar mudanças de posição bruscas, devem ser realizadas lentamente e iniciar a marcha apenas quando se sentir bem.
– Evitar o consumo de álcool ou, se não estiver clinicamente contra-indicado, consumir com muita moderação.
– Encorajar o idoso a andar, realizar actividades diárias, que melhorem o equilíbrio e a flexibilidade, e aumentem a força e a resistência, bem como a coordenação.
– Por doenças que, não sendo causadas apenas pelo envelhecimento, são mais frequentes nesta idade. Incluem-se neste grupo as arritmias cardíacas, hipotensão (baixa de tensão arterial) que surgem com as mudanças bruscas de posição, a epilepsia e outras doenças neurológicas, a diabetes, etc.
– Em resultado da polimedicação (uso de um número excessivo de medicamentos), do uso de certos medicamentos ou da toma incorrecta dos mesmos devido a confusão mental e a perturbações da memória.