A mobilidade é uma das actividades fundamentais para o bem-estar biopsicológico do ser humano, que depende não só da motivação psicológica de cada um, mas também do estado de conservação do sistema músculo-esquelético, principal motor da mobilidade.
As alterações, como a diminuição da densidade óssea e a degenerescência articular, constituem o factor principal que irá, lentamente, alterando as estruturas deste sistema. Estas alterações manifestar-se-ão na forma de dor e deformidade ou, em consequência de uma força de baixa energia (como uma pequena queda), surgirá uma fractura.
O risco aumentando de quedas na população idosa está normalmente associado ao envelhecimento dos órgãos dos sentidos, aos distúrbios do equilíbrio e da marcha e à polimedicação, afectando o equilíbrio e a percepção.
Fracturas do membro superior
De entre as fracturas mais frequentes no idoso estão a fractura do colo do úmero e a fractura da extremidade do rádio (Colles). Estas habitualmente seguem o tratamento em ambulatório, pois o tempo de imobilização é relativamente curto e não necessitam de internamento e correcção cirúrgica. O tratamento preferencial na fractura do colo do úmero é o conservador, consistindo na imobilização do braço contra o tórax.
Quando é necessário recorrer á cirurgia faz-se a fixação por osteossintese (tem por finalidade reunir mecanicamente os fragmentos ósseos de uma fractura, por intermédio de uma peça metálica, que permite a consolidação pela formação do calo); ou então substituição da cabeça do úmero por uma prótese.
Fracturas da coluna
Ocorrem espontaneamente ou em quedas fortuitas e atingem, por ordem decrescente, a coluna dorsal e a lombar.
São frequentes nas pessoas com osteoporose.
O seu tratamento é dominado pelo risco de ocorrência ou agravamento da lesão neurológica.
As fracturas estáveis, sem lesão neurológica, exigem somente repouso. A aplicação de uma ortotese (colete ou lombostato) irá permitir ao doente sair da cama impedindo-o de flectir a coluna.
Fracturas da bacia
Desencadeadas por forças com baixa energia, as fracturas surgem na bacia, depois desta estar fragilizada pela osteoporose, ou por acidente.
A fractura dos ramos isquio-ileopúbicos constitui a fractura mais comum da bacia e de todas as fracturas é relativamente frequente.
Na mulher idosa, osteoporótica, ocorrem as fracturas unilaterais devido a uma pequena queda durante a marcha.
O repouso no leito, por um período de duas a quatro semanas, com o posterior retorno progressivo à deambulação, constitui o tratamento neste tipo de fracturas.
Fracturas do tornozelo
Dentro das lesões traumáticas do tornozelo, é a fractura do tornozelo por rotação externa a mais frequente, ocorrendo principalmente na mulher osteoporótica. Neste tipo de fractura a rotação externa, poderá dar origem à fractura do maléolo externo, à fractura bimaleolar, ou ainda ocasionar a fractura do maléolo posterior na fractura trimaleolar.
As fracturas do tornozelo são tratadas com redução por manipulação e imobilização gessada ou por tratamento cirúrgico comsoante a estabilidade da fractura.
Aqui é essencial o controlo do edema, pois ocorre com facilidade e acarreta o risco de complicações no tratamento.
Fracturas da extremidade superior do fémur
Surgem aqui as fracturas trocantéricas (extra-capsulares) e as fracturas do colo do fémur (intra-capsulares), predominantemente na mulher idosa. São ocasionadas por baixas energias, muito frequentemente por pequenas quedas. O tratamento nestas fracturas é, preferencialmente, cirúrgico.
Nas fracturas do colo do fémur com desvio (implica corte da irrigação sanguínea) é necessário substituir a cabeça femural por uma prótese. Já nas fracturas com pouco desvio é realizada a fixação cirúrgica com parafusos.
Na fractura trocantérica é realizada osteossíntese com materiais de maior ou menor resistência consoante a fractura é instável ou estável. O desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas e de novos implantes veio melhorar substancialmente o prognóstico destas fracturas, que são hoje encaradas como uma patologia que permite uma recuperação, nalguns casos, total, restituindo o doente à sua vida social anterior à fractura. O tratamento hospitalar, com particular relevância para a intervenção cirúrgica, é fundamental, mas, se não houver um grande empenhamento de uma equipa multidisciplinar, o seu sucesso poderá estar em risco.
O principal objectivo do tratamento destas fracturas é o rápido retorno do doente ao seu nível de funcionalidade anterior. Mas, para que a recuperação funcional máxima seja possível, são necessárias, para além de uma cirurgia eficaz, outras medidas que previnam as complicações pós-fractura e póscirurgia e mantenham o doente na melhor condição física possível.
Reabilitação
Reabilitar o doente idoso significa facilitar o desenvolvimento das suas potencialidades máximas, a nível físico, psicológico, familiar e social, em função das suas deficiências fisiológicas e anatómicas e limitações ambientais.
Para que estes objectivos sejam atingidos, é necessária uma intervenção, não só no próprio doente, mas também junto dos familiares ou dos prestadores de cuidados e a nível do meio ambiente envolvente.