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Actualmente assistimos a uma mudança de paradigma nas doenças neurológicas, com o desenvolvimento de tecnologia que melhor diagnostica e trata os doentes, associado ao envelhecimento da população e ao aumento significativo de doenças relacionadas, tais como as Demências.

O termo demência deriva do latim de-mentis (de: fora, sem; mentis: mente, razão). É uma afecção neurológica que se caracteriza por uma diminuição das capacidades cognitivas (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento) e alterações de comportamento, conduzindo a uma perda progressiva da autonomia e da capacidade para realizar as actividades de vida diária (AVDs).

 

Tipos de Demência

Em Portugal estima-se que 153 000 pessoas sofram dos vários tipos de demência, sendo que 90 000 sofrem da doença de Alzheimer, a mais conhecida pela população em geral. No entanto, podemos encontrar outros tipos, tais como: demência vascular, corpos de Lewy e demência associada à doença de Parkinson, entre outras). Segundo os especialistas, prevê-se que nas próximas décadas estas doenças possam vir a duplicar.

 

Diagnóstico

O diagnóstico de um doente com suspeita de síndrome demencial é bastante complexo e baseia-se fundamentalmente na clínica (sinais e sintomas), pois ainda não estão disponíveis exames complementares que validem, de forma inequí- voca o diagnóstico. Requer, de acordo com cada situação, uma recolha aprofundada da informação clínica, uma avaliação das capacidades cognitivas, complementada por um exame físico, e exames complementares de diagnóstico (análises, TAC- CE e ressonância magnética).

 

Sinais de Alerta

– Perda de memória
– Dificuldade em planear ou resolver problemas
– Dificuldade em executar tarefas familiares
– Perda da noção do tempo e desorientação
– Dificuldade em perceber imagens e relações espaciais
– Problemas de linguagem
– Trocar o lugar dos objectos
– Discernimento fraco ou diminuído
– Afastamento do trabalho e da vida social
– Alterações de humor e personalidade

 

Causas

Apesar das causas para algumas demências continuarem ainda desconhecidas, já foram identificados alguns factores que aumentam o risco de sofrer desta doença, nos quais se destacam:

• Tensão arterial alta, colesterol elevado;
• Baixos níveis de estímulo intelectual, actividade social e exercício físico;
• Obesidade e diabetes;
• Graves ou repetidas lesões cerebrais.

Na doença de Alzheimer a idade continua a constituir o maior factor de risco, muito embora não seja a causadora da doença. A hipótese de hereditariedade tem sido rejeitada pois desconhece-se qualquer gene que lhe seja específico.

 

Distinguir Alzheimer

Os sinais podem, muitas vezes, confundir-se com as alterações próprias do envelhecimento. São naturais os esquecimentos pontuais de um compromisso ou da realização de uma tarefa, assim como a perda de algum objecto ou o não recordar determinado nome ou data.

Todavia, deve-se estar particularmente atento à repetição de episódios destes, assim como ao agravamento dos mesmos ao longo do tempo, a ponto de por em causa a capacidade para tomar decisões, a gestão do dia-a-dia e as dificuldades em manter uma conversação, entre outras.

 

Intervenção

Pela sua complexidade, as demências exigem uma intervenção multidisciplinar e multidimensional. Vários estudos demonstram que o seu tratamento deve comtemplar uma intervenção farmacológica e não farmacológica.

 

Farmacológica

Apesar de não existir cura, existem medicamentos que possibilitam o tratamento sintomático das alterações cognitivas e comportamentais, ajudando a estabilizar e a minimizar os sintomas.

 

Não Farmacológica

Actividades que visam maximizar o funcionamento cognitivo e o bem-estar da pessoa bem como ajudá-la no processo de adaptação à doença de forma a manter a sua autonomia, conforto e dignidade.

 

Intervenção dos profissionais da Amera na prestação de cuidados às pessoas com demência

Pela natureza da doença, isto é, progressiva e irreversível, exige por parte dos profissionais que desempenham funções na Amera uma atenção especial à especificidade dos cuidados a prestar.

Cuidados estes que estão centrados num olhar holístico (global) sobre a pessoa, respeitando a sua individualidade, personalidade e experiencias, e assentam numa filosofia onde o residente é um parceiro, de forma a preservar o máximo da sua autonomia.

As actividades desenvolvidas diariamente, são abrangentes e multidisciplinares. Assentam num espírito de trabalho em equipa e numa estreita articulação entre todos os profissionais, deste modo proporcionando cuidados mais eficientes e eficazes.

Contempla o acompanhamento diário pela Equipa de Enfermagem com enfoque na avaliação cognitiva e comportamental dos residentes, assim como no seu exame físico, avaliação nutricional e funcional, entre outros. Esta avaliação é complementada com uma intervenção médica regular munida de um canal de comunicação sempre disponível e directo, revelando-se um facilitador para um acompanhamento mais eficiente e eficaz nos cuidados a prestar aos nossos residentes.

A colaboração dos restantes elementos da equipa é indispensá- vel, como é o caso das Assistentes na promoção dos cuidados ao nível das AVDs que em parceria com a Fisioterapeuta trabalham, frequentemente, no incentivo à autonomia dos residentes.

Nas actividades desenvolvidas pela Animadora procura-se um cariz terapêutico de forma a promover a interacção social e estimulação cognitiva (ex: passeios, jogos de dominó, damas, leituras, poesia) e que fornecem dados essenciais para a avaliação da equipa médica. Como figuras centrais nesta rede de cuidados são cruciais os elementos da Direcção, pois só assim se torna possível uma efectiva continuidade de cuidados.

Na próxima edição destacaremos algumas das actividades realizadas na Amera, assim como os seus enfoques terapêuticos