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Este tema, à partida mundano, merece uma abordagem técnica e esclarecedora para todos os interessados, em particular os familiares e amigos dos nossos residentes, que tantas vezes têm dúvidas sobre o que é mais adequado em termos de cuidados de higiene.

A noção de higiene não estava presente na cultura da humanidade há alguns séculos atrás. Os povos de origem europeia, por exemplo, não tinham o hábito de asseio que temos nos nossos dias. Nos séculos XIX e XX, a descoberta de que vários micróbios causam doenças, tornou a higiene fundamental para a manutenção da saúde.

A higiene pessoal é essencial para o bem-estar físico e mental, promovendo a saúde e prevenindo a doença.

A pele constitui o maior órgão corporal, desempenhando funções importantes e vitais. Torna-se importante, pois, assegurar a sua integridade. A idade influencia o estado da pele tornando-se mais seca, fina e frágil. Assim, no idoso, banhos demasiado frequentes podem contribuir para a secura da pele e devem ser evitados, sendo mais aconselháveis hidratações frequentes, com loções corporais adequadas. Para muitos idosos um banho total três vezes por semana é o adequado. No entanto a frequência óptima depende das necessidades individuais.

O banho, aparentemente uma actividade comum e de fácil realização, pode ser causa de stress e perigo no idoso com demência. Na fase inicial da doença pode existir uma resistência ao banho. Esta resistência pode decorrer da perda ou diminuição da auto-estima, da perda da rotina, de algum trauma, como um banho com água muito quente, ou muito fria, sabonete nos olhos, vergonha, entre outros.

Existem várias formas de prestar os cuidados de higiene ao idoso, todas elas eficazes, respeitando sempre a sua privacidade. Temos o banho total ou parcial no leito, no duche ou na banheira.

Antes de determinar qual o tipo de banho adequado deve ser avaliado o grau de ajuda necessário, que inclui acuidade visual, capacidade para se sentar sem apoio, capacidade de preensão, amplitude de movimento dos membros, capacidade cognitiva e tolerância do idoso à actividade. Deve, também, atender-se às preferências do idoso relativamente à hora do dia, produtos a usar, frequência e tipo de banho.

A lavagem de todas a partes do corpo é mais fácil na banheira ou no duche. No entanto, a segurança é a principal preocupação e os idosos têm de ter força, mobilidade e capacidade mental adequadas de forma a serem prevenidos acidentes.

A escolha do tipo de banho também depende da motivação do idoso naquele momento. Pode haver dias em que não quer ir ao wc, optandose por um banho no leito, ou haver dias em que se sente capaz e com vontade de ir ao WC, podendo, assim, alternar-se o banho no leito e no wc.

É sensato referir que o banho no leito é uma necessidade humana essencial para a pessoa que requer repouso absoluto ou com problemas de mobilidade, como por exemplo quando ocorrem fracturas.

Smeltzer & Bare, 2005, referem ainda que, em contexto hospitalar ou institucional, qualquer pessoa internada necessita de algum tipo de banho. A escolha é, quase sempre, uma decisão de enfermagem e deve ser considerada a força, as condições e o grau de dependência.

Um banho total no leito limpa a pele, estimula a circulação, proporciona um exercício leve e promove conforto. Permite também a avaliação da condição da pele, estimular a mobilidade articular e a força muscular. Mesmo quando existe necessidade de realizar o banho no leito o residente pode e deve, sempre que possível, realizar levante para a cadeira.

Um banho parcial consiste em lavar apenas partes do corpo, que poderiam causar desconforto ou odor se não fossem lavadas, como por exemplo as mãos, face, boca, o peito e as áreas axilares e perineal.

A higiene desta região refere-se à limpeza dos genitais externos e região circundante, que é, normalmente, realizada durante o banho total. No entanto, em idosos dependentes, há necessidade de realizar os cuidados perineais várias vezes ao dia devido à existência de incontinência, para, deste modo, evitar macerações ou eritemas.

O banho no chuveiro pode ser realizado pelo idoso semidependente e independente. Pode deambular até ao WC ou ir na cadeira de rodas/cadeira higiénica.

Durante o banho pode permanecer sentado na cadeira (ou outro apoio semelhante) ou apoiado em barras laterais de segurança (na posição vertical).

O banho na banheira é preterido relativamente ao duche devido ao risco de queda ser mais elevado.

O idoso deve ser sempre estimulado durante as actividades do auto-cuidado. Dever-se-ão reunir condições para promover um momento agradável e de relaxamento, de diálogo sobre situações positivas e do interesse da pessoa. Trata-se de um momento propício para o reforço das relações interpessoais de ajuda/confiança entre o idoso e cuidador.